As respostas para o desenvolvimento de tecnologias que proporcionem a evolução com menor impacto no meio ambiente podem estar em organismos tão pequenos que só podem ser visualizados com a ajuda de um microscópio. No caso das pesquisas conduzidas pelo Grupo de Catálise e Oleoquímica da Universidade Federal do Pará (UFPA), as características e forma de vida das chamadas cianobactérias podem significar, inclusive, o desenvolvimento de uma forma de combustível menos poluente.
Membro do grupo, o professor e pesquisador Luís Adriano Nascimento afirma que a maior atenção mantida por todo o mundo para as questões ambientais levou à busca por alternativas para substituir, por exemplo, o petróleo e os seus derivados, elementos responsáveis pelo aumento de componentes que geram poluição atmosférica. Uma das ideias desenvolvidas a partir dessa busca foi a utilização de óleos vegetais como matéria-prima para a produção de biocombustível ou, mais especificamente, biodiesel. “Ele nada mais é do que um óleo vegetal que reagiu com o álcool e gerou um material que funciona de forma similar ao diesel”, explica o professor.
Há pelo menos 20 anos o grupo de pesquisa do qual o professor faz parte analisa como os óleos vegetais da Amazônia podem ser utilizados para outras aplicações. Graças à diversidade de espécies e composições químicas existentes na região, óleos como os extraídos da andiroba, copaíba, castanha-do-pará e buriti, por exemplo, podem ter uma série de aplicações que vão além das tradicionalmente conhecidas, inclusive para o desenvolvimento de biocombustível.
As pesquisas conduzidas pelo Grupo de Catálise e Oleoquímica da UFPA, no Laboratório de Óleos do Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá), foram baseadas nas cerca de 70 espécies da Coleção Amazônica de Cianobactérias e Microalgas (CACIAM), que foram coletadas no reservatório da Usina Hidrelétrica de Tucuruí e no Lago Bolonha, localizado em Belém. “Em uma dessas espécies o óleo se mostrou apropriado para a produção de biodiesel de boa qualidade, obedecendo aos parâmetros oficiais estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP)”, explica o professor, ao esclarecer que o trabalho é desenvolvido por equipe multidisciplinar formada por químicos, biólogos, biotecnologistas e engenheiros de bioprocessos.
O PPGBIOTEC se orgulha e incentiva seus docentes a buscarem e divulgarem a pesquisa e a contribuição a sociedade. Parabenizamos o professor Luís Adriano pelo excelente trabalho.
Fonte: Jornal Diário do Pará, publicado no dia 18 de agosto de 2019, adaptado.